28 de agosto de 2008

O QUE FAZ DEUS FELIZ?


Você. Isso mesmo, você. A sua vida faz Deus feliz. Vamos ver, todavia, em que circunstâncias isso acontece. Precisamos então examinar, pelo menos, dois textos bíblicos.


O primeiro é o da videira e dos ramos. Diz lá que Deus é glorificado quando a gente dá muito fruto. Bom, pra gente poder dar fruto a gente tem que ser árvore viva e o mesmo texto diz que nós somos árvores vivas porque somos os galhos da videira verdadeira que é Cristo. Aliás, a gente só é galho vivo, que pode dar fruto, se estivermos em Cristo. Ele mesmo fala neste texto que sem ele nós não conseguiríamos realizar nada. “sem mim, nada podeis fazer” a gente também sabe pela Bíblia Sagrada que Deus gosta tanto de ser glorificado que uma vez disse: “a minha Glória não dou a ninguém”.


Então podemos afirmar que Deus fica feliz quando é glorificado. E que, portanto, se você é alguém cuja vida dá muito fruto, isso faz Deus feliz. Então o que eu disse antes está certo. Você faz Deus feliz!


A questão agora é. Quando é que eu faço Deus feliz? E a resposta é: quando eu dou muito fruto. Daí eu lhe convido a olhar outro texto bíblico em sua memória. Aquele que fala do que é o fruto do Espírito.


Eu tenho pra mim, que dar muito fruto nem é trazer gente pra Igreja, nem distribuir milhões de folhetos ou nem tampouco trabalhar a vida inteira na Igreja até que a nossa alma desmaie e o nosso coração seque por causa das frustrações que o serviço cristão nos dá. Não. Não acho que seja o trabalho cristão que faz Deus feliz.


O que faz Deus feliz é gente que ama. Quando você ama você faz Deus feliz, porque o fruto do Espírito é Amor.


O que faz Deus feliz é gente feliz. Quando você está alegre e vive uma vida de alegria, isso faz Deus sorri pra você. Porque o fruto do Espírito é alegria.


O que faz Deus feliz é gente que é agente da paz. Gente que quando fala, apazigua os corações ao seu lado. Porque o fruto do Espírito é paz. Deus não fica feliz quando as suas palavras geram conflito e perturbação nas pessoas.


O faz Deus feliz é gente paciente. Gente que sabe esperar pelo bem na vida, sem esmorecer e sem desistir pela falta de paciência. Ser paciente é não tentar resolver tudo sempre do seu jeito. É esperar em Deus, porque o fruto do Espírito é paciência.


O que faz Deus feliz são pessoas amáveis. Gente de quem a pessoas gostam, fazem Deus feliz enquanto vivem. Deus fica muito feliz quando outras pessoas ficam felizes com você. Porque o fruto do Espírito é amabilidade


O que faz Deus feliz são pessoas bondosas. Fazer o bem, faz Deus feliz. Ele é glorificado quando nossa luz (nossas boas obras) aparece. Ser bom em todos os seus passos é bom e faz Deus feliz, porque o fruto do Espírito é bondade.


O que faz Deus feliz é gente que se cuida. E gente que se cuida é fiel e sabe onde pode pisar o seu pé. Gente que se cuida é mansa. Não se perde nem se desespera com o que não pode resolver. Entrega nas mãos de Deus. E Deus fica feliz quando entregamos as coisas que nos tiram a mansidão à Ele. Gente que se cuida sabe dos seus limites. E consegue andar sempre aquém deles, pra não cair e não se machucar.. Quem se cuida faz Deus feliz, porque o fruto do Espírito é fidelidade, mansidão e domínio próprio.


Eu afirmei que você faz Deus feliz. Você concorda?

Com carinho, Pr. Marcelo
Em 28/08/2008

22 de agosto de 2008

AS AMORAS E O INVERNO


O inverno é uma metáfora vida. O frio já não é mais uma marca tão importante dos últimos invernos. Estive na cidade tida como a mais fria do Brasil e por lá ouvi: - Frio, frio mesmo de -4ºC a gente não vê faz uns dez anos e dizem as previsões que, devido ao aquecimento global nunca mais haverão dias como aqueles. Que pena!


Refiro-me, especificamente, à esterilidade que gosta do inverno por companhia. As gramas estão marrons. As parreiras e macieiras são como galhos de um arbusto que morreu. Feios, empalidecidos, como gravetos prontos pra ir à fogueira. A maioria das árvores está hibernando como fazem os ursos. E, por isso, nos omitem suas sombras, suas danças e suas belezas. Os vales e os montes estão todos tristes e macambúzios... É inverno!


Lá em casa tem dois pés de amora de ficam de frente à janela da sala. São novinhos ainda. Mas nem por isso são tímidos em nos alegrar com suas crias. Cada uma mais linda e mais deliciosa que a outra. São das grandes. Rechonchudas. Minha relação com estes pés de amora já dura 4 anos. Eram duas plantinhas quando lá cheguei. Hoje eu cuido deles, amarro os galhos depois da temporada porque quem passa por ali não resiste, mete a mão. E onde a mão não alcança, a outra puxa o galho até que a amora fique ao alcance do seu sorriso de conquista. Tudo isso sem se importar com os galhos que vão caindo, caindo até quebrar. A certa altura eles parecem aqueles velhinhos cansados e corcundas que deram a vida por seu trabalho e por servir os outros. Estão cumprindo sua missão. Pés de amora existem para que pessoas parem na frente deles e tenham a experiência única e fugaz do prazer. Como todo prazer tem um preço, alguns galhos se vão, eternamente.


As amoreiras fazem o caminho inverso das parreiras e das macieiras. No verão, enquanto as uvas e as maçãs reinam, as amoreiras estão como mortas, esquecidas de todos. Dava uma tristeza enorme olhar pra elas todos os dias e lembrar com saudade do tempo de outrora. Me fez reviver, à minha maneira o poema de Casimiro de Abreu. Era como se eu sentisse também saudades da aurora da vida.


Mas agora elas estão lá. No começo ainda, mas percebe-se claramente que tanto as amoras quanto os seus galhos cumprirão mais uma vez a exuberante missão de fazer as pessoas felizes. Sim, elas voltaram!


Invernos não duram pra sempre. Na vida há hibernações de alegria e de produção. Sofrimento. Mas eles também não duram pra sempre. Uma boa lição que aprendo com as minhas duas amoreiras é que a tristeza também é efêmera. Tristeza é saudade do sorriso. E a gente só sente saudade do que existe. Do que amamos. Passamos pelo sofrimento com a esperança de que sorriso existe e voltará. Assim como as amoras, que a cada dia entre os meses de agosto e outubro, voltam a sorrir e a fazer sorrir. Lembre-se: a amoras voltaram; o sorriso voltará!

“O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã.” (salmo de Davi)

“E, respondendo Simão, disse-lhe: Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos; mas, sobre a tua palavra, lançarei a rede.”
Com carinho, Pr. Marcelo
Em 21/08/2008.

SOBRE A ESPERANÇA E O ESPERAR

Espera-se por muita coisa nesta vida. Dizia-se da mulher grávida que ela estava “esperando”. Onde quer que vamos, há sempre uma fila. Lugar de espera. Se vamos ao cinema, enfrentamos a fila do transito; a fila do estacionamento; a fila para comprar o ingresso; a fila para a pipoca; fila para entrar; fila para sair, e assim vai.

Acontece até de a gente passar em algum lugar e perguntar curioso: que fila é essa? Pensamos: se tem fila, deve ser coisa boa. Algo que justifique a espera. A pergunta vem de um lugar do desejo. Quem sabe não haja algo aqui que me faça mais feliz? Na verdade a gente pega fila por coisas essenciais: emprego, dinheiro, saúde, educação, até para pagar contas.

Hospital é um lugar onde ninguém quer ir mas que todo mundo vai. E lá, a gente pode estar certo: vai Ter fila. Teremos que esperar para pegar a senha. Senha: lugar em outra fila. Então esperamos o médico chamar. O que ele diz? – Vamos precisar de um exame. E lá vamos nós para mais uma fila. Uma para fazer o exame e outra para saber o resultado. Então, horas depois voltamos ao mesmo médico. Chegando lá o que encontramos: outra fila. É assim mesmo. Hospital é lugar de esperar.

Mas hospital também é lugar de esperança. Após um trágico acidente, queremos primeiro saber se a vítima já foi para o hospital. – Pelo menos ele está sendo tratado, pensamos. Há esperança. Quando o pai aguarda ansioso a chegada do primeiro filho, aquele corredor por onde ele anda sem parar, pode ser chamado de lugar de esperança. Hospital é lugar onde se vai buscar cuidados especiais, curas, respostas não sabidas nos demais lugares. Dizemos para quem vai para o hospital: - você vai ficar bom! Que esperança! É onde moram os mistérios do corpo, onde atendem os gurus modernos. Aqueles que dão nomes (ainda que agente não entenda) às coisas que sentimos. Curioso, às vezes, só de saber que o que a gente sente tem um nome em algum livro, agente já se sente melhor. Por que será?

A esperança e a espera são irmãs. Elas moravam na mesma casa. Um dia, se separaram e algo aconteceu.

A espera decidiu morar nas ruas, na filas, nas repartições públicas, nos bancos, enfim nos lugares mais comuns e quase sempre muito chatos. A gente espera até a última hora para não precisar ir a estes lugares. Por que? Porque esperar é muito chato. É até despeitoso às vezes. A esperança, mais nobre , decidiu morar nos templos religiosos, na fábulas infantis, nas poesias, nos campos de girassóis, nas azaléias (nestas ela só fica nos meses do inverno), no sorriso da criança. Esperança não mora em lugar onde não há amor. “Ali pois permanecem a fé, a esperança e o amor, destes três porém, o maior deles é o amor”.

De vez em quando, as irmãs separadas resolvem se encontrar. Quase sempre elas se encontram num hospital. Hospital é lugar que tem fila mas que também tem sorrisos, azaléias, livros infantis, capelas, cultos e orações.

Havia um tanque em uma cidade chamada Betesda. Era um hospital. Betesda significa “casa de misericórdia”. Só que este hospital não era como os de hoje que ficam abertos 24 horas. Ele só abria uma vez por ano. Imagina o tamanho da fila? Para este lugar, afluía uma enorme multidão de enfermos, cegos, coxos e paralíticos. Todos iam lá com muita esperança. Pois eles acreditavam segundo uma história (histórias também são lugares de esperança) que a certo tempo descia ali no tanque um anjo, que agitava a água e a primeira pessoa que entrava no tanque, uma vez agitada a água, sarava de qualquer doença que tivesse. Eu tenho dúvidas se havia mesmo um anjo ou se o que curava as pessoas era a fé naquela história.

Por mais que o hospital seja um lugar cheio de gente ferida, machucada no corpo e na alma, gente gemendo de dor, crianças com medo, pessoas estranhas e esperas, às vezes, intermináveis. Ele pode ser também lugar de esperança. Lugar onde você aproveita para refazer a vida, reeditar seus valores, estabelecer novas prioridades, reconhecer-se limitado e frágil (Felizes os humildes de espírito...), deixar ser cuidado e tratado pelas mãos humanas e pelas divinas.

Uma lembrança: nem sempre as irmãs se encontram.

Algumas dicas: Observe o sorriso das crianças. Leia um bom livro (talvez uma fábula). E aproveite as azaléias (elas estarão te esperando nos meses do inverno).

Um pensamento: Não há lugar mais paradoxal do que um hospital. Aqui trabalham os profissionais da saúde, mas o que eles fazem é lidar, quase sempre, com a doença. Às vezes agente ouve: - tem uma BPC no 9-A, ou – leve para o linfoma do quarto 3.

Uma letra de Chico: Pedro pedreiro, penseiro esperando o trem... Esperando, esperando, esperando, esperando o sol... ...é a esperança aflita, bendita, infinita do apito de um trem...