28 de fevereiro de 2008

O SILÊNCIO NA RELAÇÃO COM DEUS - Resumo do estudo no Livro de Habacuque




O silêncio ocupa um lugar importante na nossa relação com Deus. Enquanto analisamos o livro do profeta Habacuque, constatamos que naquele livro há três circunstâncias especiais em que o silêncio aparece. Vejamos:

I. O SILÊNCIO DE DEUS – Hc 1.1-4.
A primeira e chocante constatação de Habacuque, em meio a uma enorme crise, foi que Deus, por vezes, fica em silêncio. Vemos isso quando lemos o profeta dizendo: “Até quando, Senhor, clamarei eu, e não me escutarás?” (v.2). Todavia, este silêncio de Deus não significa que Ele não esteja no controle da situação. No texto, pode-se facilmente reconhecer que, embora Deus, não tivesse respondido ao profeta, Ele sabia exatamente tudo o que estava acontecendo e, ainda mais, tinha em suas mãos o controle de todos as circunstâncias.

O silêncio de Deus mostra que nem sempre Ele nos responde na hora ou da forma que nós esperamos. Por um lado, Deus não respondeu ao clamor de Habacuque, por outro, quando Ele respondeu, o resultado foi estranhamente pior do que o silêncio. Isto porque Deus falou a Habacuque que usaria como seu instrumento de disciplina um povo mal e injusto. Leia o capítulo 1. vv 5-11 e verá quão pesada e aterradora foi a resposta de Deus para Habacuque.

Este silêncio de Deus também revela que, às vezes, a disciplina faz parte do lidar de Deus para com seu povo. Não podemos nos esquecer jamais de que nossos procedimentos na vida implicam na aprovação ou reprovação de Deus. E como aprendemos nas Escrituras “dura coisa é cair nas mãos do Deus vivo”. Deus demorou a responder e quando respondeu, surpreendeu o povo, porque este povo esta sob disciplina. Deus os cobrou um ajuste de contas, como qualquer pai faz com seu filho a quem ama e por quem espera o bem. Quando vimos o texto de Hebreus 12.16, reconhecemos textualmente que toda disciplina é sinal do amor do Pai sobre a vida de seus filhos.

Deus é soberano e não é controlado por nossa vontade ou padrões teológicos. Pode ser que am nossa vida ele também queira se revelar através do silêncio. Submetamo-nos, pois a Ele.



II. O SILÊNCIO QUE DEUS EXIGE– Hc Cap 2

No livro do profeta Habacuque Deus, além de ficar em silêncio, também exige silêncio de seu povo. “O Senhor, porém, está no seu santo templo. Cale-se diante d’Ele toda a terra” (2.19). Na sua resposta ao profeta, Deus exige que seu povo confie nele ao ponto de calarem-se.

Através deste silêncio exigido por Deus, Ele mostra que está ativo e atuante durante todos os acontecimentos que culminaram com a crise do profeta. É como se Ele dissesse: fiquem calmos, fiquem tranqüilos e em silêncio, pois eu estou no controle. Algumas vezes, a gente fala demais por nos sentirmos perdidos diante das situações. Devemos colocar todas estas situações nas mãos de Deus e calarmo-nos.

Deus tem seu próprio tempo de agir. Ele não age simplesmente porque o nosso tempo chegou. O nosso relógio não é o de Deus. Aliás, o relógio de Deus é mil vezes mais atrasado que os nossos (2Pe3.8). A revelação de Deus a Habacuque diz: a visão está para cumprir-se no tempo determinado, ... se tardar, espera-o, porque certamente virá, não tardará. No dizer de outro profeta, somos também motivados a aguardar a ação de Deus calados: Bom é aguardar a salvação do SENHOR, e isso, em silêncio.(Lm 3.26)

Quando Deus ordena que seu povo cale-se diante dele no templo, Ele mostra para o profeta que além de saber tudo o que se passava, Ele é julgador e poderoso para a manutenção da sua vontade e domínio. Julgador porque Ele promete dar cabo do mal e condenar o povo perverso e, sobretudo, o seu Rei (veja o cap. 2.6-18); e poderoso porque sua exigência de silêncio nasce de um ciúme. Ciúme porque Ele acabara de referir-se aos deuses de pau e de pedra. E, em contraste a estes deuses que sequer podem acordar de seu sono, o Senhor está vivo e atuante no seu santo templo. Ele é um Deus vivo que tem poder suficiente para colocá-lo acima de qualquer um outro, esteja no céu, na terra ou debaixo da terra.

Nem sempre é bom ficarmos calados. Principalmente na hora da dor e do sofrimento. Mas devemos aguardar a justiça de Deus e a sua operação poderosa em favor dos que O amam. Além disso, foi Ele próprio quem nos mandou aguardar em silêncio. Silenciemos-nos então.



III. O SILÊNCIO DO HOMEM

O que dizer de uma pessoa altamente religiosa e que é obrigada a enfrentar uma enorme crise? Para alguns isso pode até parecer estranho. E quando não resta outra solução a não ser a de ficar em absoluto silêncio?

A gente fica em silêncio diante do inexplicável. O silêncio é o grito de pavor de uma alma que não sabe como se expressar. A morte de alguém querido silencia os que ficaram. Estar diante de uma criança com câncer em estado terminal, faz-nos perder, não só a fala mas o tino pra vida. Ficamos em silêncio quando temos que decidir algo que irá mudar totalmente nossa vida.

Mas não foi esse o tipo de silêncio do Profeta. Habacuque experimentou o silêncio religioso (Cap 3. 16). Ele ficou em silêncio aguardando a intervenção divina até que sua crise cessasse. Vamos conhecer este silêncio do profeta.

O silêncio da oração foi a resposta que Habacuque encontrou para o silêncio de Deus (2.1). Ele disse vou subir na torre, orar e esperar. – Ficarei aguardando o que o Senhor trará ao meu coração como resposta para o meu sofrimento. Todavia, seu silêncio representava, como vemos no seu relato, que ele buscava o reconhecimento de quem Deus é. Ou seja, ele reporta a sua mente para o caráter de Deus. E ao relembrar que Deus é santo, salvador e sustentador de seu povo, ele (Habacuque) pode então aguardar em silêncio. (1.12-13).

O silêncio faz a gente pensar. E quando a gente pensa muito, nossa mente começa a relembrar fatos e ensinamentos que no momento de muita tagarelice a gente seria incapaz de lembrar. Foi assim com Habacuque. Sua escolha pelo silêncio o fez rememorar os grandes feitos de Deus na História (3.3-15). Lembrar que as ações de Deus vão pra muito além do que Ele fez e fará na nossa simples história pessoal, enche de esperança o coração humano.

Silêncio diante de Deus não significa estagnação da esperança. Devemos aprender com o Profeta que, embora devamos silenciar a alma diante da crise, não podemos deixar apagar a chama do desejo. O seu legado a nós deixado, foi o de uma expectativa enorme na intervenção de Deus (3.16). Além disso, Habacuque faz uma escolha extraordinária e revolucionária para quem quer que seja: a de esperar pelo triunfo absoluto, mesmo no meio e durante a adversidade, que no seu texto, são coisas absurdas e improváveis acontecendo diante dos seus olhos.

Isso sim é que é ter a certeza, pela sua própria experiência, que Deus é bom. Isso é que é ter esperança.

Com carinho, Pr. Marcelo

CACHORRO OU GATO?





Ouvi, estes dias, uma comparação bastante curiosa sobre o comportamento de muitos de nós. Refiro-me, é lógico, à nossa vida cristã. Por vezes, é necessário falar dos bichos para conhecer as pessoas.
O gato e o cachorro têm muita ciosa em comum. Ambos são animais domésticos, a maioria deles têm uma história de carinho e afeto com o seu ambiente residencial, ambos são alvo da indústria e comércio cada vez mais crescente dos “pet-shop”, enfim. Todavia, o que nos importa aqui são as diferenças.
O gato é um animal extremamente voltado para si mesmo. Tudo têm que ser feito na medida das suas necessidades. Seu ambiente de conforto é o que mais importa. Ele não faz a mínima questão de acompanhar o seu dono quando este sai de casa, isto porque nada pode interromper sua deliciosa cesta e a rotina absolutamente voltada para o seu bel prazer. Não quero ser injusto com os gatos e com os seus donos. Mas notemos que a coisa mais inusitada do mundo é vermos um gatinho na coleira passeando com o seu dono, voltas a fio, enquanto este faz a sua corrida matutina no parque do Ibirapuera... Eu nunca vi. Com relação ao carinho, o gato é extremamente afetuoso, desde que depois que seu dono faça o carinho e o chamego de que ele tanto gosta. Tanto que depois que o dono chega, o bichano aguarda o melhor momento e já vem se esfregando em suas pernas pedindo um afeto.
O cachorro é bem diferente. Além de fazer tudo isso que dissemos acima que os gatos não fazem, eles são animais conhecidos pela lealdade e fidelidade ao seu dono. Se ele pudesse, acompanharia o dono em todos os seus momentos do dia. Sem se cansar. Afinal é assim que a gente vê com os cachorros dos andarilhos e mendigos na rua. É como se o cachorro dissesse para o seu dono aquilo que a Rute disse a Noemi: “Onde quer que você for, eu irei; onde você pousar ali será também o meu pouso; a sua cama será a minha cama, ainda que seja uma calçada ou uma caixa de papelão...”(1) Além disso o cachorro defende o seu dono a todo custo. Apenas os mendigos do dono estão fora de sua ira. A vida do cachorro é toda em função do seu dono, e não o contrário. Já gato de mendigo...
Quando somos comparados a um gato tendo a Deus como o nosso dono, queremos que Deus nos sirva à todo custo e que supra todas as nossas necessidades, mesmo que para isso esperamos o melhor momento pra dar uma miadinha e esfregarmo-nos em suas pernas, dando uma de bonzinho. Mas no fundo, o objetivo é ganhar o chamego que queremos. Sempre receber, e não o de agradar ao dono.
Já o cachorro é aquele cuja relação com o dono, baseia-se na lealdade, fidelidade, companheirismo e amor. Ainda que a isso não esteja totalmente confortável.
Em suma:
O gato diz: Você me ama, você me alimenta, você me agrada: eu devo ser um deus;
O cachorro diz: Eu te amo, eu te sirvo, eu te acompanho, eu te sou fiel: você é o meu deus.

Com carinho, Pr. Marcelo



(1) Confira em Rt 1.16 e 17
(2) Em defesa dos gatos: Gosto dos gatos e das pessoas que dedicam suas vidas a cuidar deles. O exemplo da Neuci, que “adotou” os cerca de 60 gatos que vivem nos jardins da Santa Casa de São Paulo é louvável e deve ser admirado por todos nós.

21 de fevereiro de 2008

O DESAFIO DA ÉTICA IDEAL - ELA EXISTE?



Mas o fruto do Espírito é: o amor, o gozo, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fidelidade, a mansidão, o domínio próprio... Gl 5.22-23.
A carta aos Gálatas tem nesta passagem um de seus textos mais conhecidos e citados pelo povo de Deus. Inúmeros teólogos apresentam suas “teologias” da famosa passagem do FRUTO DO ESPÍRITO. Imagine quantos sermões, em toda a história cristã, já não foram pregados sobre estes dois versículos das Escrituras!

Existem outras citações bíblicas que ajudam ou determinam ao crente como ele deve proceder em sua vida diária. Ensinamentos como este, assim como as bem-aventuranças e também as várias exortações do Apóstolo Paulo sobre a conduta cristã (Fp 2.1-4; Ef 4.25-32 e o cap. 5 e outras) são, sobretudo, um enorme desafio para nós, os discípulos de Cristo.

Se compararmos o ensinamento bíblico (ideal) com a prática de vida (real) nós teremos decepções. Aí você pode dizer: Ah! Mas ninguém é perfeito!

O problema não está em ser ou não perfeito. Ninguém é. O problema que vejo é quando cultivamos algumas virtudes e outras não. Há pessoas que são extremamente zelosas na justiça e no direito. Só permitem o que é correto. E para defender o certo não consideram a bondade, a gentileza, o respeito ao outro, a doçura. Por outro lado, há aqueles que são um mel de tão doce. Nunca entram em uma sala sem ser gentil até com o cachorrinho. Mas que, em nome da paz e da harmonia, permitem os maiores absurdos e pecados.

Outro exemplo está no grupo de pessoas que combatem aqueles pecados “graves” ou escandalosos (comuns aos outros) mas em seu coração não há lugar para nem mais um ensinamento de Deus porque o orgulho ocupou toda a sua extensão. Ou então, no imenso desejo de agradar a Deus em tudo as pessoas vivem uma imensa dor no peito. Não conhecem nem a “paz” nem a “alegria” , tal é a luta e sofrimento por que passam para manter uma vida de santidade.

Volto ao desafio. Porque é tão difícil esta ética una? Jesus disse que só os pobres de espírito herdarão o Reino de Deus. Esta qualidade não é algo que nos enche e sim que nos esvazia. Para nos enchermos do fruto do Espírito, primeiro teremos que esvaziar-nos de nós mesmos. E sempre que nos sentirmos necessitados de mais uma qualidade de Deus em nós, ou de mais um “puxãozinho de orelha”, mais estaremos caminhando em prol da conduta bíblica, cristã e completa.
MCA

15 de fevereiro de 2008

QUE BOM! QUE PENA!

Na década de 80, quando foi fundado o Partido dos Trabalhadores, que hoje é o partido do Governo Brasileiro, havia um candidato a prefeito da cidade do Rio de Janeiro chamado Fernando Gabeira. O candidato, na época, ficou conhecido por seu comportamento questionador e questionável do ponto de vista da ética e moral cristãs. Refiro-me especificamente ao fato de ele ter abraçado a luta em defesa da homossexualidade e da liberação da maconha, declarando-se ele mesmo ter sido usuário da droga.

Como todo brasileiro pensou na época, “esse cara é um louco, não vai a lugar nenhum”, poucos deram importância à sua carreira política.

Hoje, mais de vinte anos depois, temos visto uma presença importante do referido político no cenário nacional, ocupando hoje uma cadeira de Deputado Federal, dos mais bem votados do País. Seu discurso inflamado, na Câmara dos Deputados, é ainda utilizado como referência do episódio que culminou com a saída vergonhosa do então presidente da casa. “Vossa Excelência é uma vergonha nacional...”, bradou, contundentemente, para toda a nação.

O Deputado agora, está novamente disparando sobre o atual episódio envolvendo, desta vez, o presidente do Senado Federal. O Congresso está se transformando, segundo ele em uma “sete-um-lândia”.

Sobre isso tudo, quero refletir com você sob dois aspectos: “que bom!” e “que pena!”
Que bom que Deus mantém sobre nós a sua graça. Que bom que no meio das situações onde o mal impera, há vestígios de um mundo melhor e pessoas que lutam por justiça, igualdade, respeito e correção. Que bom que algumas pessoas têm se levantado e contribuído para que haja paz e bem-estar em nossa nação. Aqui, incluo todos os que acreditam e contribuem com sua parte para melhorar o País. Que bom que ainda há pessoas que gritam e esbravejam em nome da ética e da moralidade.

Que pena que não vejamos nossos políticos levantando a bandeira do cristianismo e fincando seu mastro no mar de lama que tem se tornado a vida política brasileira. Que pena que os que hão, investidos de autoridade, se estão engajados em alguma limpeza moral da Nação, a gente não fica sabendo. Que pena que quando ouvimos nomes de cristãos na mídia política é para acusá-los de ações ilícitas, ou, no mínimo, suspeitas. Que pena que no recente escândalo das ambulâncias, a maior parte dos políticos beneficiados pelas ilegalidades era da então chamada “bancada evangélica”. Que pena que pessoas, cujas lutas do passado e do presente, voltavam-se para favorecer condutas ou grupos, cuja conduta é condenada pela Bíblia, pelos Cristãos e por muitos brasileiros, são exatamente os poucos que esbravejam e clamam: Justiça! Justiça!, enquanto muitos de nós se calam.

Deus está dirigindo o Brasil e a Igreja. Mas Ele tem nos ensinado lições severas nos últimos tempos: como a que fez na época de Ciro, o Rei da Pérsia, que era pagão, e no período de Habacuque, quando suscitou uma nação ímpia e cruel (Os Caldeus) para fazer justiça com seu povo.
“que digo de Ciro: Ele é meu pastor e cumprirá tudo o que me apraz; que digo também de Jerusalém: Será edificada; e do templo: Será fundado”. Isaías 44:28
Com temor do Pai, Pr. Marcelo

NOVOS ÍCAROS



A Fascinação pelo poder persiste ao longo da história da Humanidade. Por ano são formados milhares de novos profissionais em nosso País. Todas as categorias do saber são contempladas com novos “doutores”, “técnicos” e “cientistas” nas mais diversas áreas. De médicos a mecânicos, de padeiros a garçons, de engenheiros a atores. Enfim, ex-alunos que agora, com um diploma em baixo do braço, partem em busca da sua conquista pessoal: fazer carreira.

Pra além da busca de uma profissão e conseqüente sustento familiar, há o aspecto do poder em toda conclusão de alguma etapa de aprendizado. Rubem Alves diz em uma de suas obras mais significativas para a educação que conhecimento é poder, portanto temos que ter muito cuidado com quem vamos dar este poder. Os magos e os encantadores eram poderosos justamente porque dominavam mistérios e conhecimentos que ninguém mais possuía.

Lembra da lenda chamada o sonho de Ícaro? É a história de um homem que sonhava em voar. Ele tentou de todas as formas atingir este sonho, sem sucesso. Até que encontrou um meio através da construção de asas feitas com cera, que ele acoplou ao seu próprio corpo e então conseguiu voar. Você já deve ter ouvido falar que o ser humano é insaciável em seus desejos, não é mesmo? Pois bem. Ícaro, ao conseguir voar, ficou tão entusiasmado com a conquista que decidiu extrapolar os limites da sua própria invenção. Desejou voar pra sempre, e cada vez mais alto. Até que suas asas foram derretidas pelo calor do Sol.

Muitos, quando se lembram de Ícaro, o chamam de tolo. “Coitado, não soube lidar com o conhecimento, com os limites e, principalmente, com o poder”, dizem. Mas será que foi apenas Ícaro que esteve sujeito a este mal? Creio que não. Todos nós temos a tendência da fascinação com o poder. O dito popular reza que a diferença entre o remédio e o veneno está apenas na dose.

Quando não conquistamos nada não estamos de acordo com o chamado divino. Deus nos criou para crescermos e algo mais. Todavia, vale lembrar de nossos limites e de que devemos saber a hora de parar. Mesmo nesta hora podemos contar com o auxílio divino que também nos ensina em sua Palavra: Humilhai-vos na presença do Senhor, e Ele vos exaltará (Tg. 4.10)


Marcelo Coelho Almeida, 1º Ten Capelão FAB

por ocasião do culto de formatua do aspirantado (espadão) da AFA (Acadamemia da Força Aérea) esquadrão Sírius.

QUEM MUDA QUEM?




A Oração é a possibilidade de mudanças em tempos de crises. Temos esperanças que as coisa ficarão melhores. Mas será uma oração “forte” pode mudar o coração de Deus?

A nossa tendência quando sofremos é achar que aquele tempo é eterno. A dor é tão forte que ela parece que não vai passar nunca.

Não dependemos de que Deus mude seus desígnios para encontrar conforto nEle. A Bíblia nos diz que Ele não muda e que no seu ser não pode haver nem mudança nem variação de mudança. Cremos num Deus Eterno e Imutável.

Todavia não conhecemos jamais a totalidade dos desígnios de Deus. Essa é uma das razões pela qual Ele é Deus. “Quem conheceu a mente do nosso senhor?” e por não conhecermos precisamos conhecer mais, sempre mais. Poderemos passar a vida inteira buscando a Deus e conhecendo mais dele, que ao final de longos anos ainda restará conhecimento de Deus que não nos foi acessado devido às nossas limitações.

Vejo aqui um forte motivo para a oração. Oramos, e com isso, conhecemos a Deus. Sua bondade, seu amor, seus mistérios no trato pessoal conosco, suas consolações, etc.

Fomos criados por Deus, à sua imagem e semelhança. portanto, conhecer a Deus é um caminho muito propício para conhecermos a nós mesmos. Nos conhecemos melhor quando vamos ao Criador. Este também é um bom motivo para a oração. Oramos, e com isso conhecemos a nós mesmos. Nossos limites, inconstâncias, corações carentes do amor do Pai, capacidades de renovação mediante a esperança que brota da fé...

Nossas orações não mudam a Deus. Nossas orações mudam a nós mesmos. Somos diferentes depois do encontro com o Pai. Conhecemos um pouco mais de Deus e um pouco mais de nós mesmos.

O que mais precisamos na hora da crise não é que a crise passe. O que mais precisamos na hora da crise é do amor do Pai.
Imagem: A Criação (afresco da capela sistina - Michelângelo)
Com carinho, Pr Marcelo

O LAGO E O ORVALHO



Lembro da história daquele animalzinho, morrendo de sede, que tentou saciá-la diante de um grande lago, porém, nem uma gota conseguiu beber com medo de se afogar. Andando, o animalzinho lambia o orvalho das folhas sem poder também matar sua sede. Que tristeza, a imensidão do lago e a exígua gota de orvalho...

Frequentemente, vejo pessoas com uma grande vontade ou intenção de buscar a Deus, dedicar a Ele suas vidas ou se envolver na sua obra. Vejo também que muitas delas vivem uma história muito longe de uma vida saudável com Deus. São de Deus na intenção e na vontade, e nada mais. O interessante é que os argumentos para o não comprometimento são parecidos com a historinha que acabamos de contar.

Por um lado “A imensidão e santidade de Deus é a minha grande dificuldade de me achegar à Ele devido às minhas falhas” “tenho medo de me ferir”, ou ainda, “Tenho muita coisa ainda para consertar em minha vida”. Enfim, Deus é muito grande, e sublime demais para me aceitar.
Por outro lado, essas pessoas nunca provam uma real experiência de conversão em Jesus Cristo. Não se alimentam da Palavra como deveriam, saciam sua sede apenas com o orvalhos das folhas que encontram pelo caminho. Isto acontece porque quando se encontram diante da verdadeira comida e da verdadeira bebida que é Jesus Cristo, se deparam com suas limitações e se recusam a aceitar a Palavra de Deus e seus desafios como sendo para sua própria vida.

A palavra está lançada, devemos agora é tomar nossa decisão radical ao lado de Deus. Entender e obedecer a mensagem de Deus enviada à você, como sendo diretamente para você. A missão que Deus lhe dá não é sua, não é fruto da sua propria vontade ou capricho. Isto é obra de Deus. Ele quer você e a sua obediência ã visão que Ele te deu. Assim sendo, você não mais viverá sedento, mesmo estando diante do grande manancial de água da vida que é Jesus Cristo.
Marcelo Coelho Almeida

O BRASIL DOS QUARENTA

imagem: Congresso Federal


Esta semana foi lamentável para o Brasil e para uma de suas mais importantes instituições. O Senado Federal, ao não obter o número mínimo de votos para a cassação do Senador que foi acusado de várias irregularidades e de quebrar a conduta que se espera (decoro parlamentar) de um homem público, confirmou a péssima imagem que tem junto à opinião pública. O pior é que a crise ali instalada agravou-se, e a imagem do Brasil na imprensa mundial, foi mais uma vez envergonhada. O prognóstico não é nada animador. As coisas podem, e pelo que parece, ainda vão piorar um pouco mais. O resultado da votação, que salvou a pele do Senador, na quarta-feira foi de 40 votos. Ou seja quarenta Senadores eleitos pelo povo.

Semanas atrás, acompanhamos o desfecho do julgamento do caso dos “mensaleiros”, aqueles que estiveram envolvidos e comprometidos com acusações (pelas quais foram indiciados) de crime, por venda de votos, formação de quadrilha, dentre outros. Quantos eram? 40 homens, entre políticos, assessores e empresários. Mais precisamente um homem, considerado o “dono”, ou mentor do esquema mais quarenta. Houve até uma comparação tragicômica deste episódio com a história de Ali Babá...

O número quarenta na Bíblia é emblemático. Ele traz consigo tanto boas quanto más notícias. O assunto levantado acima fala de crimes e de problemas sérios para a nossa Nação. Mas baseados na Bíblia Sagrada podemos fazer uma leitura tanto otimista quanto pessimista do assunto.

A única vez que aparece o número quarenta referindo-se a pessoas é em Gn 18.29. Ali, Deus pouparia a destruição da cidade de Sodoma se houvesse quarenta homens bons. Em nosso caso deveríamos consultar ao Senhor e esperar que tenhamos pessoas boas, justas e honestas, em favor das quais Deus nos poupe.

O número quarenta é relacionado várias vezes à quantidade de dias que durou determinado evento: o dilúvio, condenação e castigo de Deus pela desobediência; O tempo em que Moisés permaneceu no Monte Sinai para receber as Tábuas da Lei; O tempo que foi usado pelos doze homens que foram enviados a espiar a terra prometida; este também foi o tempo que durou as inúmeras provocações do Filisteu Golias para os Israelitas. No Novo Testamento, vemos os quarenta dias relacionados ao tempo de tentação de Cristo no Deserto, pelo diabo e também ao número de dias que Ele apareceu aos discípulos após a sua Ressurreição.

Quarenta é um número, de igual forma, alusivo à ira, ao castigo e a condenação de Deus para com o seu povo. Quarenta anos formam o tempo em que o Povo de Israel foi condenado a vagar pelo Deserto. Em várias partes da Bíblia lemos que este foi o tempo da ira e do castigo de Deus (Nm 32.13). Neste texto há a explicação para todo este longo período: seria o tempo necessário para que “toda aquela gente que desagradou ao Senhor morresse”. Em Dt 25.3 diz que quarenta era o número máximo que um israelita condenado poderia levar de chicotadas, pois além deste número ele seria envergonhado.

E Então, o que quer nos dizer a semelhança do número quarenta com as tragédias a que temos sido submetidos nos últimos dias? Por favor, tire as suas próprias conclusões.
Pr. Marcelo
imagem: Senadores em deliberações




por ocasião do indiciamento pelo Supremo Tribunal Federal de 40 envolvidos no caso do mensalão