24 de janeiro de 2008

Feridas Emocionais

Há dores que não passam. No máximo a gente consegue amenizar sua influência.
Ver um filho partir antes de nós, talvez seja uma dessas dores. Certamente há outras. Todavia, devemos admitir que o que cada um sente, enfrenta ou sofre é tão único e especial quanto o é a própria individualidade. Portanto, uma dor que pra mim é passageira, pra você pode ser eterna. E não há pecado nisso, pelo menos até aqui. O que acontece então quando uma dessas dores se aloja em nossa alma? Podemos dizer que se criou uma ferida.


Quando somos crianças, nossa linguagem preferida é "machucado". Veja que interessante: as crianças gostam (e até mesmo se orgulham) de mostrar o machucado. Elas o mostram com um ar de conquista: "vejam só o quanto eu agüentei e agora carrego!" Machucado sem o esparadrapo ou a faixa bem aparente não tem graça. Talvez porque a criança pense: "desse jeito não terei nada pra contar." Conheço uma criança de seis anos que após sete dias de internação pediu para a enfermeira colocar alguns esparadrapos bem grandes nas regiões dos braços onde ela tinha recebido as picadas de agulhas para o soro.


O que acontece quando fazemos essas feridas emocionais? Será que não agimos como as crianças? Pode ser que com alguma diferença na forma, a gente proceda do mesmo jeito. O rosto sempre triste, o mesmo discurso "nada está bom", as mesmas queixas como se fossem canto de bem-te-vi (sempre do mesmo tom, mesma cadência e mesma melodia), podem perfeitamente funcionar como o esparadrapo ou a faixa para "mostrar o machucado".


Você conhece gente assim? A pessoa carrega a ferida emocional como se fizesse parte de sua identidade. É pouco provável que ela se apresente de outra forma. Isto porque a dor passou a fazer parte de sua apresentação pessoal, parte do seu eu.


Não deveria ser assim com o Cristão. O senhor Jesus "levou as nossas dores e enfermidades sobre si". Isto significa que não sofremos nossas dores sozinhos. Cristo se identifica conosco em nosso sofrimento. Por isso devemos esperar d'Ele a cura para essas feridas. E mais, devemos "mostrar o machucado" somente pra Ele, ou pra quem Ele nos indicar, e nunca para o mundo inteiro. Isto porque vivemos este mundo com a expectativa do cumprimento de sua promessa: "Vinde a Mim os cansados e sobrecarregados que Eu vos aliviarei."


Paz, Pr. Marcelo Coelho

No início da campanha de palestras sobre cura emocional na IPE - out a nov de 2007

2 comentários:

Anônimo disse...

ler todo o blog, muito bom

Anônimo disse...

Ai de mim se não fosse poder compartilhar minha dor com o Senhor Jesus, afinal, devido a origem da ferida, jamais poderia compartilhar ou mostrar para outrem. Acho que essa tendência em expor a dor a faz menor, sofrer calada, sem poder sequer ouvir um conforto dói mais ainda. Só Deus mesmo para me consolar.